Thursday, July 19, 2007

Trajeto para casa

Começo pelos degraus... Frios mas ao mesmo tempo demonstrando o calor de todos os passos recebidos durante o dia. A água que antes caía da chuva e deixava suas formas molhadas tinham se evaporado com os passos e infelizmente no dia a dia, começam a se sujar com esses passos e a demonstrar as características básicas de um dia de trabalho. Logo após esses degraus vem a calçada. Mais molhada, mais intensa que os degraus, e não menos sensível aos passos dos transeuntes, os carrinhos, as cadeiras... As pessoas que pensam em algo para a vida. As pessoas que não possuem uma perspectiva de melhora, pessoas que se encontram em dúvida e que não se decidem com a vida e seu significado, pessoas como eu.
Logo após a escada, vem o meio fio insignificante para muitos, mas precioso para quem se encontra na sarjeta. Um ótimo apoio para almas aflitas e angustiadas pelo passado, pelo presente, e pelo que o futuro possa trazer. Pessoas como eu. Ainda assim vem os pneus e demais artigos de não-luxo que as pessoas precisam para seu dia a dia. Asfalto da morte, morte de um dia de trabalho. Como o meu. Volto a passar pelo meio fio, saindo da sarjeta de minha vida, e entrando novamente na calçada sensível do sentimento.
Sentimento que continua perdurando pelo mesmo caminho da insatisfação psicológica do meu ser, da minha vida descobrindo a cada passo o que atrai a vida e o que afasta a morte. O que atrai a loucura e explica a lucidez como a mim muitas vezes que continuo o mesmo sentido de todos os dias, calçada, meio fio, asfalto e chego a um quase fim para o meu dia.
O semáforo. Algo que me programa, algo que me contrai o coração por não me deixar ser livre com os meus ideais, com a minha vida. O vermelho do sangue que inunda toda a minha vida cárcere de desejos perdidos pelo tempo e por oportunidades assassinadas por pensamentos que diferem a vida da morte. Destruído por um sinal, que informa o fim de um dia de trabalho, o fim de uma programação alucinógena, onde a imaginação sobressai o real, onde a vida sobressai a morte, onde vida, morte, insatisfação... Vida? Que sentido em um sinal? Amargurado pelo passado, transferido pelo presente de um futuro incerto. Como o meu. Passando pelo semáforo me distraio e quase destruo minha família, minha vida. Mas sigo firme meu caminho, sigo firme o mesmo caminho, calçada, meio fio e asfalto. Tudo resumindo em um único significado.
Mais um dia de trabalho, mas não sem antes ir para casa e encontrar um cruzamento. Uma linha que cruza a outra, como muitas pessoas fazem com a vida alheia, controlando, impondo metas, impondo desejos absurdos de um mundo cercado por caos, cercado por incertezas, onde a guerra deixa de ser bizarra para se tornar uma nova doença sem cura, onde os doentes se tornam cada vez mais fortes e poderosos, influenciando as massas que se destroem com o caminho, como eu. Mas não me importo, pois não acredito nisso. Não estou seguindo ou trilhando o caminho dos outros. Prefiro seguir o meu cruzamento, o que eu trilhar será de conta minha, o caminho que eu escolher será o meu, a vontade que aparecer será minha, a felicidade que se acoplar a minha tristeza será minha, todas as situações de minha vida a partir de um dia de trabalho com o trajeto para casa serão meus.
Meus pensamentos, minhas ilusões, minhas lutas, minhas batalhas espirituais, minhas alucinações, meus amores, meus ódios, minhas paixões, minhas dores, minhas frustrações. Tudo meu.
E ninguém conseguirá tira-las de mim. Ninguém. Somente eu quando me submeter a mais um dia de trabalho para seguir mais um dia o trajeto de caminho para casa. Cheguei em casa, tive mais um dia, agradeço a Deus, por mais esse dia.
Vivo mais um dia. Vivo mais um dia de ilusões repletas de instruções e crescimentos em minha vida. Pois mais uma vez fiz meu caminho de trajeto para casa.

AGMA 29/07/05
"Vida... casa... caminho... Já não sei onde moro, já não sei que vida vivo... já não sei o caminho de casa nem para o coração que um dia tive..." A.G.Guzzymann
"Meu trajeto é o de qualquer um. Ser feliz com quem se quer. Ser feliz e trazer felicidade. Minha felicidade e das pessoas que eu goste. E mais ninguém. Superando indecisões. Superando problemas e obstáculos. Meu trajeto é o de qualquer um. Ser feliz!" AGMA

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